O que são os rótulos e como contribuem para o preconceito?
Este texto é baseado na leitura de Rodrigues, Assmar e Jablonsky, autores da Psicologia Social (vejam nas referências).
Por que rotulamos? E o que isso diz sobre nós?
Rotulamos as pessoas para facilitar nossas relações interpessoais, pois ele nos permite criar expectativas sobre o comportamento do outro, fazendo com que “certos comportamentos sejam antecipados”.
Na tirinha, o personagem diz que "quem põe rótulos nas pessoas... mostra os 'ingredientes' de si mesmos" e ele não está errado.
Considerando que rotular é uma ação cognitiva, então os rótulos se referem às crenças que NÓS temos sobre um determinado grupo, as quais lançamos sobre os sujeitos que se assemelham a ele.
Quando encontramos um sujeito que apresenta alguma semelhança com aquele grupo, logo essas crenças já são lançadas sobre ele, ou seja, o sujeito recebe um rótulo e a expectativa é que seus comportamentos sejam compatíveis com o esperado.
Por exemplo: fui mal atendida em um local por duas pessoas diferentes em dois momentos diferentes. Na terceira vez que fui ao local, já havia rotulado todos os funcionários como maus atendentes, e eu já esperava um péssimo atendimento. Porém, não foi isso que aconteceu na terceira vez que fui até esse local, evidenciando que errei em rotular aquele funcionário que prestou um excelente atendimento.
Aí a importância de estarmos atentos a esse processo de rotular as pessoas, pois na maioria das vezes podemos estar sendo injustos.
A rotulação deve ser entendida como um processo dentro do ato de estereotipar.
Sendo assim, os rótulos fazem parte da base cognitiva de sustentação para o preconceito, o que evidencia as graves consequências que podem ser geradas.
Explicando melhor...
O preconceito, na Psicologia, é uma atitude carregada afetivamente de sentimentos hostis ou negativos sobre uma pessoa ou grupo, e que não necessariamente é acompanhada de uma ação ou comportamento. (Rodrigues et al, p. 150)
O preconceito, assim como toda atitude em Psicologia, possui três componentes: cognitiva, afetiva e comportamental.
Estereótipo: é a base cognitiva do preconceito, onde se encontram as rotulações e as atribuições de causalidade.
Sentimentos negativos/Preconceito: é componente afetivo todos os sentimentos negativos, aversivo ou hostil a um determinado grupo. Em Psicologia, esse componente afetivo é o próprio preconceito em si.
Discriminação: é o componente comportamental, é o preconceito exteriorizado através do comportamento violento, bem como através de piadas, bullying, xingamentos etc.
Estereótipo: é a base cognitiva do preconceito, onde se encontram as rotulações e as atribuições de causalidade.
Com relação ao componente cognitivo das atitudes sociais (no caso do preconceito: o estereótipo), é importante algumas considerações:
Componentes cognitivos: crenças, conhecimento, maneira de encarar o objeto. Elementos que vão medir a atitude.
A representação cognitiva que temos sobre um objeto social pode ser também vaga ou errônea. Quando errônea podemos perceber no preconceito.
Consequências da rotulação...
Compreendido melhor a posição da rotulação dentro do ato de preconceito, vamos as suas duas principais consequências:
A) diante de comportamentos que não condizem com o rótulo que foi imposto para aquele sujeito: ou não são percebidos ou são deturpados para fazer se adequar ao rótulo.
B) as nossas expectativas sobre o sujeitos podem nos levar inconscientemente a induzir o sujeito que foi rotulado a agir de acordo com o esperado.
Assim podemos perceber o perigo de rotular as pessoas, algo que fazemos com frequência e que podem ser percebidas quando criamos uma primeira má impressão sobre alguém e depois percebemos que estávamos errados, por exemplo.
REFERÊNCIA
RODRIGUES, A., ASSMAR, E. M. L., JABLONSKY, B. Psicologia Social. 27ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009, p. 81 - 163.
(Capítulos 4, 5 e 6).
Comments